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- 01/08/2015
- redacao
A trama envolvendo o presidente da Câmara,Eduardo Cunha (PMDB-RJ), continua se engrossando à medida que fica mais próximo o fim do mandato de Rodrigo Janot à frente da Procuradoria-Geral da República. A expectativa é de que Janot denuncie Cunha em breve, antes de entrar em seu período final à frente da PGR – que se encerra em 18 de setembro e cuja renovação depende de votação entre promotores, da escolha da presidenta Dilma Rousseff e da aprovação pelo Senado.
Cunha não deixa dúvidas de que batalhará para não cair. Há duas semanas, rompeu com o governo, a quem acusa de conluio com Janot para enquadrá-lo, e disse esperar a denúncia do PGR com tranquilidade, por acreditar ter no STF, responsável por torná-lo ou não réu, um fórum mais justo.
Enquanto diz confiar nas instituições, Cunha é acusado de usar métodos bem menos republicanos para minar quem o acusa.
Intimidações
Na quinta-feira 30, a advogada Beatriz Catta Preta, que abandonou há algumas semanas a defesa de nove dos delatores da Operação Lava Jato, insinuou que Cunha estaria por trás de intimidações sofridas por ela e sua família. Ao Jornal Nacional, Catta Preta disse ter recebido ameaças “veladas” e “cifradas” que se intensificaram depois de Julio Camargo, seu cliente, afirmar em depoimento que pagoupropina de 5 milhões de dólares a Eduardo Cunha para que um contrato com navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado.
Ex-consultor da Toyo Setal, Camargo inicialmente não citou Cunha, mas modificou seu depoimento. De acordo com Catta Preta, Camargo teve “medo de chegar ao presidente da Câmara”, mas decidiu denunciar o peemedebista porque o acordo de delação premiada prevê a perda de todos os benefícios caso o colaborador minta para as autoridades.
Nas alegações finais apresentadas à Justiça Federal na quinta-feira 30, a defesa de Camargo, já sem Catta Preta, apresentou a mesma versão: disse que as contradições são fruto do “temor em relação ao deputado federal Eduardo Cunha” e acusou o presidente da Câmara de adotar uma “lógica de gangue” ao tentar intimidar os delatores.
Catta Preta e Camargo não são os únicos que relatam se sentir ameaçados pelo presidente da Câmara dos Deputados. Em 16 de julho, também em depoimento à Justiça Federal, odoleiro Alberto Yousseff, cuja delação serviu para embasar a abertura de inquérito contra Cunha, disse ter sido ameaçado. “Como réu colaborador, quero deixar claro que estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras por um deputado pau mandado do senhor Eduardo Cunha”, disse Yousseff ao juiz Sergio Moro. “Eu venho sofrendo intimidação perante as minhas filhas e a minha ex-esposa por uma CPI coordenada por alguns políticos”, afirmou.
A Kroll e a CPI da Petrobras
Tanto Beatriz Catta Preta quanto os familiares de Yousseff foram convocados pela CPI da Petrobras graças a requerimentos do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), um firme aliado de Eduardo Cunha.
Na quinta-feira 30, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, concedeu habeas corpus a Catta Preta desobrigando-a de comparecer à CPI, mas a convocação fez com que ela desistisse não apenas do caso como da carreira. Segundo disse à tevê Globo, Catta Preta fechou seu escritório em São Paulo e decidiu se aposentar. No caso das familiares de Yousseff, que foram convocadas duas vezes pela CPI, também o STF derrubou os pedidos.
Além disso, Cunha é acusado de usar o orçamento da Câmara para acuar seus delatores.
No início da CPI da Petrobras, a Câmara contratou a famigerada Kroll para auxiliar as investigações sobre a Lava Jato por 1,18 milhão de reais. Na quinta-feira 30, o jornal O Estado de S.Paulo afirmou que o contrato, mantido em sigilo por decisão de Cunha até 2020, previa investigações sobre 15 pessoas, mas a lista foi reduzida a apenas quatro “prioridades” pelo presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), e por um dos sub-relatores, André Moura (PSC-SE), ambos aliados de Cunha. Entre os alvos selecionados estaria Julio Camargo, que delatou Cunha. O objetivo seria, de acordo com o jornal, “desqualificar a delação do lobista”.
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