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- 20/08/2015
- redacao
Ela é baiana, fala “oxente”, come acarajé e venceu um desafio: o de interpretar uma muçulmana em um curta-metragem. Mas Luciana Fernandes tirou de letra e o resultado pode ser visto em Haram, dirigido pelo “italibaiano” Max Gaggino, que levou o prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado, no último domingo, 16.
O curta desbancou longas nacionais e estrangeiros na categoria que engloba todas as produções exibidas nas mostras competitivas. “É um prêmio incrível e significativo. Estou muito feliz e orgulhosa de ter participado dele”, comemorou Luciana.
No Kikito – nome do prêmio – estava escrito “Longa”, o que a fez achar ter levado o troféu errado. “Mas me explicaram que estava certo. Tinha ‘longa’ no troféu porque dificilmente um curta vence essa categoria”, explicou.
E o Kikito virou logo o xodó da atriz – como pode ser visto no perfil dela no Instagram -, que não deixou o prêmio nem quando dormiu. Só o largou porque o diretor viajou para Gênova, na Itália, para acompanhar o nascimento da filha e levou o troféu. “O Max também fez um tour por Salvador com o prêmio e mostrou para toda a equipe que participou da produção”, disse.
Burca em Salvador
Em Haram, Luciana interpreta uma muçulmana que se refugia em Salvador fugindo da guerra da Palestina com o marido. Na capital baiana, conhece uma criança de 10 anos e, graças a música, criam um elo de amizade. Ela recebeu o convite do próprio diretor pelo Facebook, graças a uma indicação de uma amiga. “Assim que li o roteiro, foi paixão à primeira vista, pois fazer uma muçulmana foi um desafio para mim, algo totalmente longe da minha realidade”, contou.
Como laboratório, ela andou pela cidade vestida de burca – e buscava até a filha na escola e ia ao mercado – antes das filmagens. “As pessoas estranhavam e eu fingia que não entendia o idioma. Uma vez, fui almoçar comida baiana e vi os olhares estranhando e curiosos para saber como conseguiria comer de burca”, lembrou, completando que, neste dia, tirou a vestimenta para se alimentar.
Haram foi gravado em Salvador em apenas dois dias, com um custo de R$ 5 mil, e é inspirado no avô do diretor, também um refugiado. A mãe de Max, que é egípcia, ajudou Luciana a treinar o árabe. “Conversava com ela via Skype para acertar o acento das frases”, contou.
E Luciana não para. Na sexta-feira, 21, a atriz, formada na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), viaja para São Paulo para um teste no filme “Eu sou Brasileiro”, desta vez, um longa metragem.
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