AO CUSTO DE R$ 50 MILHÕES, RADARES DA BR ESTÃO HÁ 11 MESES SEM MULTAR NINGUÉM
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  • 23/11/2014 
  • redacao
Os radares são apenas peças de adorno nas Rodovias

Os radares são apenas peças de adorno nas Rodovias

O limite de velocidade é de 100 km/h, mas no carro do dedetizador Elias* o velocímetro chega a marcar 160, 165 km/h… Isso tudo na BR-324, entre Salvador e Feira de Santana, que tem três trechos entre os 100 mais perigosos do país, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Em toda a extensão das rodovias BR- 101 e 324 principalmente entre as duas maiores cidades baianas, Salvador e Feira de Santana  onde os trechos  são  mais perigosos do país, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF),  há placas que indicam que radares fazem a fiscalização eletrônica. São pelo menos 28 para anunciar 15 radares ao longo dos 113 quilômetros que estão sob concessão da Via Bahia. Mas os  motoristas  sabem que provavelmente nunca serão   multados, porque nenhum sensor denuncia o excesso de velocidade. Na BR-101, os radares estão instalados  como peças de adorno.

“Logo que colocaram os radares, eu ficava com medo e reduzia. Só que depois eu percebi que não estava funcionando. Agora, não reduzir quando vejo os radares é o mínimo. Passo a 160 km/h mesmo”, contou Elias, que viaja pela rodovia pelo menos duas vezes por dia e nunca pagou R$ 574,52 por cometer a infração (considerada gravíssima) de dirigir com velocidade 50% acima da máxima permitida.

Os 15 radares são fixos e foram instalados pela Via Bahia entre abril e dezembro de 2013. Todo o sistema custou R$ 50 milhões. Em tese, cada um dos radares conseguiria identificar a velocidade dos veículos em até 50 metros de distância. Na prática, estão há 11 meses sem uso — podem até funcionar, mas ninguém nunca foi autuado. E nenhum dos responsáveis sabe dizer o motivo.

Educativo
Na verdade, até dizem, mas cada um afirma uma coisa. De um lado, está a concessionária Via Bahia, responsável pela instalação dos equipamentos. Depois, vem a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com quem foi assinado o contrato da cessão. E, para completar, a PRF, que administra a cobrança de multas nas rodovias federais, incluindo a BR-324.

Agora, começa a bagunça. Depois que os radares fossem instalados, a fiscalização deveria começar, certo? Teoricamente, porque, na prática, não é bem assim. Para começar, a Via Bahia diz que só lhe cabia a instalação dos radares – como isso já foi feito, falta agora assinar um contrato entre a PRF e a ANTT. Não teria nenhum problema, se a ANTT não tivesse afirmado, através da assessoria, que “desconhece” a necessidade de assinatura de qualquer contrato.

E, já que é para passar a vez, o órgão diz que os radares estão funcionando “de forma educativa” e que a cobrança deve começar ainda este ano, seguindo o cronograma da PRF. Daí, é a vez da PRF. Segundo a inspetora Mércia Oliveira, chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, não há previsão para o início das cobranças… Porque eles aguardam a ANTT.

“Enquanto a ANTT não der o despacho de que está tudo ok, não pode começar a funcionar. Nossa parte é depois disso, porque fazemos a fiscalização”, disse. Segundo ela, o órgão nacional deve regulamentar a aplicação de multas.