‘NÃO DURMO. ESTOU MOVIDA POR MEDO, ÓDIO E NOJO’, DIZ VÍTIMA DE ESTRUPO EM CARAÍVA
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  • 28/01/2020 
  • redacao

 

Maria do Carmo fez denúncias em sua rede social (Foto: Acervo pessoal)

 

Uma semana sem dormir e sentimentos de medo, nojo e raiva – tudo misturado. Maria do Carmo Ribeiro, 27 anos, ainda relembra o dia em que acordou com um homem estranho em cima dela, tocando sua vagina com uma mão e se masturbando com outra. O caso aconteceu no último dia 21 de janeiro, em Caraíva, no extremo-sul baiano.

“Eu nem sei te dizer como estou me sentindo. Estou muito cansada, não consigo dormir nenhuma noite. Fico conversando com meu companheiro e meu pai, porque estou com dificuldade de dormir. Está sendo bem desgastante esse processo, mas sei que agora não é hora de descansar”, diz ela, que relatou o caso nas suas redes sociais (veja na íntegra abaixo).

A jovem, que é carioca e se mudou para a Bahia há três anos, tinha voltado de uma festa e dormia quando foi vítima do índio pataxó Tacio da Conceição Bonfim. Ela garante que não vai se calar e vai lutar para que o seu agressor seja punido.

“Estou movida pelo medo, pela raiva, pelo ódio, pelo asco e pelo nojo. Só vou descansar quando souber que ele está preso preventivamente e quando as autoridades notarem a barbárie que aconteceu comigo”, completa.

Tacio foi preso e autuado em flagrante por crime de importunação sexual e furto do celular da vítima. Além disso, tem o direito de responder em liberdade, caso pague fiança no valor de R$ 3.500, o que não aconteceu até a publicação desta reportagem. Ele está na 1ª Delegacia de Porto Seguro.

Para Maria, que é formada em Direito e pós-graduada em Direito Penal e Criminologia, a tipificação do crime é absurda. “Me senti muito indignada. Quando terminamos com os autos, o delegado disse que se eu tivesse dito que o agressor inseriu o dedo na minha vagina, ele teria colocado que foi estupro. Como eu não disse, classificou como importunação. Isso é uma coisa ultrapassada. Tentei argumentar, mas eu estava exausta, desassistida e muito abalada emocionalmente. Além disso, o furto é qualificado, pois aconteceu em repouso noturno”, acrescenta.

O CORREIO entrou em contato com a delegacia onde o caso foi registrado para identificar quem era o delegado citado e ouvir seu posicionamento, mas com a paralisação de 48h da Polícia Civil, ele não foi encontrado.

Apesar disso, depois da repercussão do caso, Maria disse que as autoridades policiais já entraram em contato com ela para que ela preste novo depoimento ainda nesta semana, para esclarecer algumas dúvidas em relação à agressão. Isso pode fazer com que haja modificação da tipificação do crime, que pode passar a ser considerado estupro. (Fonte: Correio)