ENGENMHEIRO MORTO POR ASSALTANTES QUERIA VENDER FAZENDA POR CONTA DA VIOLÊNCIA
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  • 06/12/2014 
  • redacao
José, 74: todo mês ia a fazenda (Foto: Reprodução)

José, 74: todo mês ia a fazenda
(Foto: Reprodução)

Todos os meses, o engenheiro agrônomo aposentado José Francisco de Santana Fontes, 74, saía da Pituba, onde morava, e ia à sua fazenda, em Mata de São João, para pagar os 12 funcionários do estabelecimento. Na noite de quinta-feira, depois de ter chegado à propriedade pela manhã e já ter saldado o salário dos  vaqueiros e caseiros, seu José estava recolhido na sede, quando bateram à porta.

Ao tentar verificar quem era, acabou sendobaleado e morto por um dos cinco homens encapuzados que tinham acabado de invadir a propriedade e render todos os funcionários.

A fazenda Pau Brasil, de gado e cacau, tem pouco mais de 300 tarefas,  e fica no povoado de Contendas. Dono das terras há 39 anos, seu José estava sozinho na sede da fazenda, que fica em Mata de São João, mas está a  3 km da sede de Pojuca.

Ação

Cortejo acompanha enterro de José Francisco no cemitério Jardim da Saudade. Ele queria vender fazenda (Foto: Almiro Lopes)

Cortejo acompanha enterro de José Francisco no cemitério Jardim da Saudade. Ele queria vender fazenda
(Foto: Almiro Lopes)

Era por volta das 19h, quando os cinco bandidos deram início ao plano. Na hora da invasão, apenas cinco empregados circulavam pela propriedade (dois caseiros e três vaqueiros).   De acordo com o relato de um dos vaqueiros à polícia, todos os criminosos estavam encapuzados e usavam escopetas. Eles teriam chegado à fazenda em um carro. “Um dos vaqueiros disse que, pela manhã, um carro rondava a fazenda”, contou o delegado Fábio Nobre, de Mata de São João, responsável pela investigação.

 Ainda segundo o delegado,  os ladrões renderam os caseiros e vaqueiros. Um deles contou à polícia que teve a casa invadida e foi obrigado por três ladrões a levá-los à sede da propriedade,  enquanto os demais assaltantes tomavam conta dos outros reféns.

 Quando bateram na porta, o fazendeiro abriu a portinhola  e percebeu que o vaqueiro não estava só. “O vaqueiro contou que ele (fazendeiro) tentou fechar (a portinhola), mas um dos bandidos atirou e o acertou no peito”, contou o delegado Fábio Nobre.

Ferido, José Francisco gritava repetidamente “me acertaram!”, acreditando que alguém poderia salvá-lo. Sem ajuda, ele  subiu ao segundo andar da casa para se trancar  em um dos quartos. No entanto, os bandidos conseguiram arrombar a porta da casa e foram atrás dele. No andar de cima, usaram mais uma vez o vaqueiro. Ficaram em silêncio e  obrigaram o funcionário a conversar atrás da porta com o fazendeiro.

O fazendeiro, então, abriu a porta do quarto e acabou dominado pelos criminosos, que perguntaram por dinheiro. “Eu tenho pouco dinheiro na minha bermuda porque já fiz o pagamento”, disse a vítima, antes de ter uma quantia  roubada de um dos bolsos.

Fuga
Em seguida, ainda segundo o delegado, os ladrões pegaram uma espingarda encontrada na casa, além de vários eletrônicos, incluindo TV e aparelho de som, colocaram tudo na carroceria da picape Hilux de José Francisco e fugiram. Os ladrões, porém, ao perceberem o giroflex ligado de um carro da PM, abandonaram o veículo com o material do roubo e se embrenharam num matagal.

Ferido, seu José conseguiu ligar para um amigo, que acionou  a polícia. A viatura da PM socorreu o fazendeiro ao hospital municipal de Pojuca, mas ele chegou morto, às 20h.

 “Quando nossa guarnição chegou no local, eles abandonaram o carro da vítima e entraram no mato. Nós já encontramos a vítima em estado grave. Demos preferência em prestar socorro e  acionamos a guarnição de Mata de São João, que ficou até a madrugada em uma incursão para capturar os meliantes, mas não conseguiu pegá-los”, afirmou o major Bruno Sturaro, da  32ª CIPM (Pojuca).

 A polícia acredita que os ladrões fazem parte de uma quadrilha que vem invadindo fazendas para roubar dinheiro e armas. “Temos registrados alguns casos aqui. Eles sabem que em toda fazenda tem uma arma, e querem se armar para fazer assaltos na região”, declarou o delegado Fábio Nobre. (Fonte: correio)