COMO COSTUME LOCAL MOLDOU MEDALHISTA INÉDITO DO BRASIL
  • 1.645
  • 0
  • 18/08/2016 
  • redacao

ubaitaba

Em tupi-guarani, Uba significa canoa e Taba, cidade. Cidade das canoas. Em Ubaitaba, no sul da Bahia e a 379km de Salvador, remar ou andar de canoa é uma necessidade. Depende do que você precisa: ir, vir, ter uma ocupação. Ocupação? Sim, é também o ganha pão de muitos pais de família.

Faz parte do cotidiano. É a cultura, a tradição. Um costume local que, trabalhado, moldou e levou Isaquias Queiroz a se tornar o primeiro medalhista olímpico da história do Brasil na canoagem, prata no C1 1.000m.

Um costume que vem muito antes do atleta nascer, em 3 de janeiro de 1994.

Paulo Rogério Ramos, o Paulinho, hoje com 58 anos e aposentado, já remava no Rio de Contas, que divide a pequena cidade da vizinha Aurelino Leal, entre o fim dos anos 1970 e começo dos 1980.

Ele, Mário Rui, Diolicio, Nego Lídio, Benedito Cairo, Rosival, Antônio Valter, Humberto Hugo e Jefferson Lacerda, este último primeiro incentivador de Isaquias, campeão mundial e primeiro representante brasileiro na canoagem em Jogos, em Barcelona-1992, são os fundadores da Associação Cacaueira de Canoagem (ACC), que tem mais de 30 anos.

O grupo mantém uma escolinha gratuita de canoagem que hoje recebe 60 crianças, que devem preencher dois requisitos: saber nadar e ir bem na escola.

“A gente sempre organizou vários campeonatos de canoagem aqui na região. [Remar] é algo do povo daqui mesmo”, ao ESPN.com.br Paulinho, que junto com a turma acima participou de várias dessas disputas. Ele também lembrou que foi o segundo a comprar um caiaque nas redondezas: “Foi em 1983, o Humberto Hugo foi o primeiro.”

Foi nesta ‘capital da canoa’ que Isaquias nasceu, foi criado pela dona Dilma e aprendeu a remar. Foi lá que ele começou a ser orientado por Jefferson Lacerda, passou a treinar em alto nível e chegou às mãos do técnico espanhol Jesús Morlán, que já guiara o compatriota David Cal para cinco medalhas (uma de ouro e quatro de prata). Agora, levou a sexta.

Isaquias, que ainda pode levar mais três  medalhas no Rio, é isso: fruto de um costume local.

 (Fonte: ESPN.com.br