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- 26/07/2017
- redacao
Aposto vários dinheiros que quando você leu o título dessa matéria certamente torceu o bico e pensou: como assim sexo oral com camisinha? Pois é, manas! O professor da Faculdade de Medicina da UFBA, Marcus Borba (@drmarcusborba) , explica que vem ocorrendo um aumento no número de pacientes com câncer de boca e garganta com a probabilidade de ter relação com a a infecção pelo HPV (Vírus Papiloma Humano). Atualmente, estima-se que o HPV está presente em cerca de 30% dos cânceres de boca em pacientes abaixo de 45 anos.
Marcus é líder da Unidade Especializada em Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Português, em Salvador, e coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Geral Roberto Santos. Marcus também atende na Clion e integra a equipe médica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Aristides Maltez, onde é preceptor da Residência Médica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Convênio SESAB – H. Aristides Maltez.
Em conversa com o Me Salte ele falou mais sobre o tema. Dá uma lida aí para tirar as dúvidas e começar (se você ainda não faz) se cuidar para evitar ter câncer! ” Tentar se acostumar com a proteção me parece a melhor alternativa do que o risco da doença também”, destaca o médico que faz o alerta: a regra vale tanto para homossexuais quanto para heterossexuais.
Me Salte: Qual a relação entre o câncer e o sexo oral?
Marcus Borba: Especificamente falando do câncer de boca e de garganta (orofaringe), vem ocorrendo um aumento de pacientes com essas doenças, que não fumam e/ou bebem e que são mais jovens. Esse fato parece ter relação entre a infecção pelo HPV (Vírus Papiloma Humano), que é transmitido por contato sexual sem proteção, o que inclui o sexo oral. A infecção pelo HPV aumenta a chance de câncer de boca e garganta.
Me Salte: Que tipo de prevenção é possível ter no sexo oral para evitar doenças sem deixar de praticá-lo?
Marcus Borba: Praticar o sexo oral com o uso de preservativos masculinos e femininos e, com isso, evitar o contato de pele e mucosa, sem infecção pelo HPV com a pele infectada.
Me Salte: Muita gente diz que usar camisinha na hora do sexo oral tira o prazer. Como aliar prevenção e prazer?
Marcus Borba: Não sou sexólogo, mas acho que procurar valorizar todo o conjunto da relação, e, portanto, não apenas o momento, pode ser uma das alternativas. O sexo com parceiro conhecido e a monogamia são outras condutas que podem ajudar na prevenção. Tentar se acostumar com a proteção me parece a melhor alternativa do que o risco da doença também. Num médio e longo prazo, a imunização de crianças e adolescentes pode ajudar na redução da infecção e talvez ter algum papel nesse panorama.
Me Salte: Há diferença nessa prevenção entre o sexo em casais homossexuais e heterossexuais?
Marcus Borba: A infecção pelo HPV pode ser transmitida pelo contato direto entre a pele e mucosa de regiões infectadas, e isso vale para homossexuais e heterossexuais. Por isso, não vejo maiores diferenças na prevenção.
Me Salte: Qual a incidência de câncer de cabeça e pescoço atribuído ao vírus HPV?
Marcus Borba: O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, por ano, o país registre 14 mil novos casos de câncer de boca. Nem todos são causados ou têm relação com a infecção pelo HPV. Mas a participação dele vem aumentando. Hoje em dia, estima-se que o HPV está presente em cerca de 30% dos cânceres de boca em pacientes abaixo de 45 anos.
Me Salte: Apenas a infecção pelo HVP é suficiente para o desenvolvimento do câncer?
Marcus Borba: Parece que pode ser suficiente, sim. Mas nem todo mundo que tem infecção pelo HPV vai ter câncer de boca, embora haja um aumento do risco. Outros fatores, como álcool e fumo, podem aumentar esse risco, se associados. A boa notícia é que os tumores de garganta relacionados ao HPV têm um melhor prognóstico em relação àqueles provocados pelo fumo, respondendo melhor à quimioterapia e à radioterapia e, muitas vezes, nem precisam de cirurgia.
Me Salte: Quais outros riscos à saúde existem para uma pessoa que está com HPV?
Marcus Borba: O HPV pode causar lesões genitais também, como no ânus, vagina e colo do útero.
Jorge Gauthier
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