- 2.984
- 0
- 16/10/2017
- redacao
tempopresente@grupoatarde.com.br
A pedidos, um retrato da cena política baiana. A esta altura do campeonato em 2013, um ano antes das eleições, Jaques Wagner, governador, ainda costurava um nome entre cinco pretendentes, Rui Costa no meio, e na outra banda, Paulo Souto e Geddel também ainda disputavam a cabeça da chapa.
Wagner, que em 2006 já foi guinado ao topo na sombra de Lula, guinou Rui já ancorado em Dilma, líder nas pesquisas.
Souto ganhou a ponta no outro lado, com as bençãos de ACM Neto e a aliança com Geddel. mas sem referências federais, tanto que botou o caso Dalva Sele, um suposto canal de desvio de dinheiro petista em primeiro plano, na tentativa de estadualizar a peleja, já que na banda federal não dava.
Deu Rui com Wagner, Dilma e Lula.
Agora temos os dois sem referências federais. Rui na sombra do que resta de Lula, mas no governo, bem avaliado, com a máquina na mão, mais ainda num ano de dinheiro curto para a campanha.
E Neto será candidato? Será. Nada a perder. No mínimo estará pavimentando caminho para o futuro. E também não tem outro nome.
Se não houver turbulências outras o cenário a se configurar é esse.
Com ressalvas — Joaci Góes, tucano que foi o candidato a vice de Paulo Souto em 2014, anti-petista ostensivo, avalia que Rui Costa é o melhor gestor que o PT já produziu, não só na Bahia, mas em nível nacional:
— Se ele sair do PT, ganha a eleição. Se não…
Bruno, o herdeiro — Desde o início do mandato ACM Neto deu todas as dicas e poderes ao vice e velho amigo, Bruno Reis.
Bruno é do PMDB e foi indicado por Geddel, mas ele próprio dá o tom.
— Todo mundo sabe minha história e a quem sempre fui ligado.
Lúcio Funaro, em depoimento ao MPF, já na delação premiada denunciando o ex-deputado Eduardo Cunha, segundo reportagem da Folha de São Paulo
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, sobre a privatização da Eletrobras
Prisco x Governo
Soldado Prisco (PPS), hoje deputado, ganhou na Justiça o direito de ser reintegrado ao Corpo de Bombeiros, de onde foi afastado por ter sido um dos líderes da greve da PM de 2001, pela 11ª vez, a última, há pouco mais de uma semana, no STF, mas não está acreditando muito que dessa vez, vai.
— Eles estão ensaiando me perguntar se eu quero ser deputado ou bombeiro. Ora, eles sabem que isso não existe.
Prevenção — Pela lei, PMs têm direito a disputar mandatos eletivos, mas se ganhar a eleição e assumir, vai imediatamente para a reserva. Depois do mandato, não pode mais se reincorporar à tropa.
Dizem que é para não contaminar a corporação. Até porque, o mandato é sedutor e deixa muitas saudades.
Arrependimento zero
Livre da acusação de ter recebido doações suspeitas, João Leão, vice-governador e secretário do Planejamento, foi questionado numa roda de amigos sobre o fato de ter dito, quando o seu nome saiu, o célebre ‘estou cagando e andando na cabeça desses cornos (os delatores)’. Foi curto:
— Eu nunca me arrependi disso.
Leão diz que já esperava a absolvição. ‘A denúncia era muito inconsistente’.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Mendengue
Essa quem conta é Eduardo Kruschewsky, jornalista e colecionador de boas histórias e estórias da vida baiana.
Lá pelos anos 1950-60, existia em Coaraci, região do cacau, uma figura folclórica chamada Mendengue. Débil mental e morador de rua, sempre vestido de calça, paletó e chapéu rotos e imundos, vez por outra, surtava e saía pelas ruas aos brados, falando mal do prefeito Gildarte Galvão, crente batista, a quem não suportava.
A aversão de Mendengue ao alcaide tinha suas razões. Bastava qualquer alteração do maluco e o prefeito mandava que o metessem numa caçamba da prefeitura, largando-o bem distante da cidade.
Mas, ele sempre voltava! Uma ocasião, Mendengue, recém-chegado de mais uma dessas viagens compulsórias, estava exaurido, largadão na praça do Mercado Municipal, onde o prefeito mandara erguer um pedestal para ali colocar o busto do ex-prefeito Jairo Góes, quando passaram duas beatas a caminho da igreja católica. Uma delas comentou:
— Vixe, o que será que seu Girdarte vai colocar aí?! Êta homem trabalhador!
E Mendengue, estrilando raiva:
— Não sei não, minha senhora! Mas eu acho que isso aí é pra pendurar os quimbas do peste do crente!
As beatas ficaram escandalizadas.
- FAÇA UM COMENTÁRIO
- 0 COMENTÁRIOS