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- 27/10/2014
- redacao
O documento com as principais propostas de governo que a presidente Dilma Rousseff (PT) apresentou, ao Tribunal Superior Eleitoral, para a campanha no segundo mandato menciona 22 vezes a palavra mudança. Ampliar e ampliação aparecem 15 vezes, cada. No calor da disputa eleitoral, a propaganda dela no rádio chegou a perguntar ao eleitor: “Se é para manter o que a Dilma fez, por que votar no Aécio?”. Era a versão atual do “Deixa o homem trabalhar”, que ajudou a reeleger o ex-presidente Lula em 2006.
“Muda mais, Brasil” foi o lema que a presidente Dilma Rousseff escolheu para a campanha de reeleição, que conquistou quase 55 milhões de votos. Foi assim que uma presidente que estava disputando a reeleição se apresentou ao eleitorado como uma portadora de mudanças e o nome para conduzir as reformas que a sociedade cobra. Ela precisava defender os 12 anos de PT no governo – oito do ex-presidente Lula e quatro dela – mas também tinha que satisfazer o desejo de mudanças que ganhou força no país desde as manifestações populares de junho do ano passado.
Este desejo de mudanças cresceu e tomou forma na mais acirrada das seis eleições entre tucanos e petistas, desde 1994. E Dilma confirmou claramente ter entendido o recado. Disse que reeleição indica melhoria de atos. “Foi o que ouvi das urnas”, afirmou em um hotel de Brasília, após a divulgação do resultado oficial. Com a promessa de reformar a política brasileira, Dilma voltou a falar do combate à corrupção, compromisso que ganhou força no discurso após as denúncias envolvendo a Petrobras.
Próximo a Dilma, o governador Jaques Wagner já disse que corrupção é algo inadmissível para ela. “Dilma tem um grau de intolerância altíssimo com o malfeito (corrupção). O que ela pode ter feito, depois do primeiro episódio, é a ponderação na forma de agir. Se tem uma coisa que criticam nela é exatamente aquele jeitão duro dela”, afirmou.
Foi na tentativa de manter o equilíbrio entre mudar e manter, que a economista anunciou que vai substituir o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no segundo governo, apesar de defender os principais pontos da política econômica. Durante a campanha, ela fez questão de ressaltar que não pretende “sacrificar” aspectos que dão à população a sensação de bem-estar, como a geração de empregos, para ter a inflação no centro da meta. Seu desafio é fazer o país voltar a crescer no futuro, sem deixar de defender o legado dos 12 anos de governo petista como a diminuição da pobreza, a redução do desemprego e a valorização do salário mínimo.
Trajetória
Na Bahia, sexta-feira é dia de vestir branco. Além de homenagear Oxalá – Senhor do Bonfim, para os católicos – costuma trazer boas vibrações. Dilma Rousseff, mineira, mãe e avó, 66 anos, seguiu o ritual à risca: desembarcou em Salvador, numa sexta-feira, 29 de agosto de 2014, vestindo uma camisa branca rendada. Andou pelo Pelourinho, participou de ato com entidades negras na sede do Olodum e bateu um tambor. Deu certo.
Ontem, a mulher que militou pela Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), pela Política Operária (Polop) e pelo Comando de Libertação Nacional (Colina), que enfrentou a ditadura militar, sobreviveu a três anos na prisão, às torturas e, décadas mais tarde, escapou de um câncer e venceu mais uma batalha também estava de branco. Deixou de lado o vermelho do PT e conclamou o país à união.
No discurso, ainda mostrou dificuldades de quem estava terminando apenas sua segunda disputa eleitoral. Após sair da cadeia, Dilma trocou Minas pelo Rio Grande do Sul, onde começou sua carreira política como assessora da bancada do PDT na Assembleia gaúcha. Foi secretária de Fazenda de Porto Alegre e duas vezes secretária estadual de Energia, Minas e Comunicação – primeiro no governo do pedetista Alceu Collares e depois no do petista Olívio Dutra. Foi assim que chegou a ministra das Minas e Energia no primeiro governo Lula.
Foi Lula que a levou para a Casa Civil para ser a ‘gerentona’ do governo, quando o mensalão tirou de lá o até então todo poderoso José Dirceu. E foi o ex-presidente que a lançou como sucessora para a disputa de sua primeira eleição, sempre destacando sua eficiência na gestão.
No governo, foi exatamente nas suas áreas, economia e gestão, que Dilma teve mais dificuldades. Economia estagnada, inflação no teto da meta, dificuldade de fazer avançar as obras de infraestrutura: foi esse cenário difícil que ela precisou superar para ganhar um novo mandato. E como mostra a apertada vitória de ontem, não foi fácil.
No dia 1º de janeiro de 2011, Dilma Vana Rousseff, brasileira filha de um imigrante búlgaro com uma professora fluminense, tomará posse. A primeira mulher eleita presidente conseguiu tornar-se também a primeira mulher reeleita. Mas, passada a campanha eleitoral, Dilma vai precisar mostrar o seu perfil gerente para promover as reformas que ela mesma admite que seu governo precisa fazer. (Fonte: correio)
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