BOLSONARO FALA EM ” PACIFICAR BRASIL”, MAS NÃO ABANDONA CLIMA DE GUERRA
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  • 29/10/2018 
  • redacao

 

Jair Bolsonaro perdeu a chance de tentar arrefecer os ânimos do país em seus discursos após ser confirmado como o 38º presidente da República na noite deste domingo (28). Após o período eleitoral mais violento desde a redemocratização, era de se esperar que ele sinalizasse ao lado derrotado e seus eleitores com o objetivo de reduzir a tensão e fizesse um pedido a todos os seus apoiadores e simpatizantes para que buscassem o diálogo como saída não apenas para a da tensão e fizesse um pedido a todos os seus apoiadores e simpatizantes para que buscassem o diálogo como saída não apenas para a discordância política como também para qualquer diferença nos próximos quatro anos.

Contudo, preferiu abusar de termos militares em seu primeiro pronunciamento, via live do Facebook, falando de marcha do eleitorado, de exército de apoiadores, que ”missão não se escolhe nem se discute, se cumpre”. Depois, em um segundo discurso, mais suave, agora na TV, questionado sobre o que fazer com um país que se encontra dividido, afirmou que trabalharia para ”pacificar o Brasil” – o que repetiu, em outra live, dizendo: ”seguirei o exemplo do patrono do Exército brasileiro, Duque de Caxias, e irei pacificar o Brasil. Não será mais ‘este contra aquele”

Não deu mais detalhes do que seria essa ”pacificação”. O que nos resta torcer para que não seja como na Guerra do Paraguai, que teve em Duque de Caxias um de seus principais líderes, quando matamos e morremos às dezenas de milha há 150 anos.

Bem faria ao invés de vender nossa imagem como a de uma teocracia militarista (antes do pronunciamento na TV, ele e aliados fizeram uma oração de mãos dadas – talvez, um culto de corpo presente para o Estado laico), Bolsonaro tivesse feito um aceno consistente em nome da distensão.

O fim das eleições já demandaria um exaustivo trabalho de redução de animosidades e de sinalização ao lado derrotado, se o eleito colocasse isso como primeira medida em seu discurso da vitória. O problema é que, baseado no que disse até agora, Bolsonaro talvez aposte na manutenção de um inimigo (o comunismo? o socialismo? os ladrões de nióbio?) para manter sua influência sobre uma parte do eleitorado.

(Por Leonardo Sakamoto)