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- 07/08/2014
- redacao
Polícia Civil vai apurar a autoria do disparo que matou a lojista Adinair da Silva Correia, 40 anos, na rua Silveira Martins, quando voltava para casa, no Resgate, após pegar o filho de 9 anos na escola. A comerciante parou em um congestionamento e acabou morrendocom um tiro no peito e outro no braço esquerdo, em meio a um tiroteio, na altura do 19º Batalhão de Caçadores do Exército (19º BC). O corpo de Adinair foi sepultado na manhã desta quinta-feira (7), no Cemitério Jardim da Saudade.
Os disparos que atingiram a comerciante partiram de uma troca de tiros entre PMs e motoqueiros que vinham em sentido contrário, por volta das 18h. O filho de Adinair estava no banco do carona e viu toda a cena, que aconteceu em frente à Escola Estadual Visconde de Itaparica.
“Primeiramente ocorreu um confronto numa outra região do Cabula. Em seguida, os policiais foram atrás de um dos criminosos, quando houve o segundo confronto”, informou o capitão Bruno Ramos, do Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar.
Em nota, a corporação informou que policiais da 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves) chegaram ao local e tiveram uma das motocicletas atingida por disparos. O comunicado acrescenta que “a apuração da autoria do disparo que vitimou a senhora Adinair é de competência da Polícia Civil” e as armas dos policiais envolvidos já estão à disposição para perícia.
Testemunha
De acordo com um industriário que passava no local de bicicleta e que não quis se identificar, o trânsito estava travado. O carro de Adinair estava rente à faixa que divide os dois sentidos da pista. Do outro lado, havia cinco motoqueiros parados atrás de um ônibus.
“De repente, ouvi dois tiros e, num segundo momento, outros quatro disparos e uma moto passando em disparada. Acredito que estava sendo perseguida (a moto)”, contou ele, que não comentou quais motos eram dos policiais.
Ainda segundo o industriário, todo mundo correu. Após ajudar a levantar um dos motoqueiros, que teve o tanque da moto furado por um dos tiros, ele viu Adinair sair do carro. “Ela estava toda ensanguentada. Chegou a ficar em pé, mas logo caiu para dentro do carro abraçando o filho”, contou ele.
A testemunha conta que retirou a comerciante do Palio e a pôs em uma caminhonete Montana que também estava presa no trânsito. Junto com o motorista do veículo, eles levaram a vítima até o Hospital Geral Roberto Santos, em busca de socorro.
“Mas ela sangrava muito. Vi que ela tinha duas perfurações: uma no braço e outra no peito. A distância entre os ferimentos era de um palmo”, contou. “Coloquei um pano no peito dela, para impedir que jorrasse mais sangue. Quando passamos do HiperBompreço do Cabula, ela ainda levantou o braço e olhou para mim, mas depois… Já não tinha pulsação”, lamentou ele.
O óbito foi atestado por um médico da emergência do Hospital Geral Roberto Santos pouco depois de a vítima dar entrada. Ainda de acordo com ele, o carro de Adinair ficou com cinco perfurações: no capô, no para-lama dianteiro, no para-brisa dianteiro, na porta traseira e no vidro de trás.
Choque
O filho de Adinair também foi levado por populares ao Hospital Roberto Santos. Quarta pela manhã, dona Maria José disse que a única coisa que o neto falou sobre o episódio foi: “Vovó, mamãe levantou para pedir socorro e depois caiu”.
Antes de saber da morte, o filho ainda perguntou pela mãe: “Vovó, cadê mamãe? Ela estava com muito sangue”, contou a idosa. O menino passou a noite inteira chorando na casa de uma tia. “Está em estado de choque”, disse a madrinha do menino, Ângela Cruz, 36.
Família
O marido de Adinair é holandês e estava na Holanda desde sábado, onde passaria 15 dias para visitar a família. Segundo familiares de Adinair, ele ficou transtornado e revoltado com a notícia e a previsão era de que chegasse ontem à noite à capital baiana. Além do garoto de 9 anos, eles têm um outro filho, de 12.
Adinair era dona da Ville Modas, uma loja de confecções instalada na Rua Filomena, no bairro de Tancredo Neves. Na terça-feira, depois de fechar a loja e antes de pegar o filho na escola, ela passou para dar um beijo na mãe, Maria José Teixeira da Silva, 68. “Ela era uma ótima filha, mãe, esposa, amiga…”, lamentou dona Maria José. O sepultamento deve acontecer hoje.
Com informações do repórter Bruno Wendell
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