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- 29/01/2015
- redacao
A Justiça do Rio concedeu liberdade nesta quarta-feira (28) aos dois acusados de atropelar e matar Rafael Mascarenhas, filho de Cissa Guimarães, em 2010. Eles haviam sido condenados na última sexta-feira. A defesa de Rafael de Souza Bussamra e do seu pai, Roberto Bussamra, conseguiu um habeas corpus para os dois. Eles foram presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
Rafael de Souza Bussamra foi condenado a sete anos de prisão em regime fechado e mais cinco anos e nove meses em semiaberto por dirigir o carro que atropelou o jovem em uma área fechada para o trânsito.
O pai dele, Roberto Bussamra, foi condenado a oito anos em regime fechado e nove meses em semiaberto por pagar R$ 1 mil de propina a dois PMs para desfazer o local do acidente e evitar a prisão em flagrante do motorista.
Rafael foi condenado pelos crimes de corrupção ativa, homicídio culposo, inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico, afastamento do local do acidente para fugir à responsabilidade penal e participação em competição automobilística não autorizada.
Ele teve a carteira de habilitação suspensa por quatro anos e meio. Roberto foi sentenciado pelos crimes de corrupção ativa e inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico.
‘Eles quebraram a minha família’
Após a prisão, Cissa Guimarães chegou a comemorar com um desabafo ao vivo na no Mais Você. “É uma vitória de todos nós, da sociedade. É uma conquista”, disse ela. “Acho que a sentença vale como uma reflexão. Não existe uma educação de um pai que acoberta o crime de um filho. Isso não é amor, você não pode ter um descaso por uma vida humana. Eles quebraram a minha família”, disse Cissa, emocionada.
Pena maior para o pai
O pai recebeu uma condenação maior do que o filho por tentar corromper policiais para livrar a atitude do filho. “O caso vertente retrata não apenas policiais que acobertam e omitem o crime (sendo, por isso, também criminosos), mas também os falsos pais que superprotegem os filhos criando pessoas socialmente desajustadas. Impõe-se uma reflexão sobre o tipo de sociedade que pretendemos para as futuras gerações ou, mais ainda, que tipo de cidadãos somos. Afinal é essa uma das dificuldades atuais da humanidade no plano da ética. De nada vale o Estado reconhecer a dignidade da pessoa se a conduta de cada indivíduo não se pautar por ela”, relata o magistrado.
O juiz destaca ainda que a atitude do pai em tentar acobertar o filho levou a uma condenação maior. “O que se observa é um comportamento reprovável e malicioso dos réus, que através de uma enxurrada de inverdades buscaram não somente eximirem-se da responsabilidade penal, mas na realidade transferi-la com maior peso a outras pessoas. Percebe-se uma verdadeira degradação de valores morais em uma família de classe média, que talvez por mero individualismo, ou abraçando uma cultura brasileira de tolerar exceções, tende a apontar os erros dos outros, e colocando um verdadeiro véu sobre seus erros”, assinala o juiz.
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