INDÍGENA DE 14 ANOS É MORTO APÓS ATAQUE A TIROS NA BAHIA
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  • 04/09/2022 
  • redacao

 

Um adolescente indígena pataxó, identificado como Gustavo Silva da Conceição, de 14 anos, foi assassinado neste domingo (4), com um tiro na cabeça após novo ataque de supostos pistoleiros ao grupo da Aldeia Alegria Nova que ocupa uma fazenda de eucalipto situada no Território Indígena Comuruxatiba, na cidade de Prado, no Sul da Bahia.

Em protesto, familiares e parentes da comunidade Pataxó bloqueiam a estrada em direção à cidade de Corumbau, a 750 km de Salvador. Após ser atingido, Gustavo Silva da Conceição, Sarã Pataxó, foi levado desacordado a uma unidade de saúde no município de Itamaraju. Já em estado grave, foi transferido para o Hospital de Teixeira de Freitas e chegou a ser intubado, mas não resistiu.

O Colégio Estadual Indígena Kijetxawê Zabelê, onde o garoto estudava, emitiu uma nota de pesar pelo seu falecimento. De acordo com relato de lideranças da aldeia ao UOL, homens fortemente armados chegaram ao local em um carro modelo Fiat Uno, disparando contra jovens, crianças e mulheres. Eles estariam portando armas de grande porte como espingardas e fuzis.

Além do indígena adolescente morto, outro teria ficado ferido. As lideranças não sabem dizer a idade e estado de saúde do segundo baleado. As lideranças afirmam que o ataque seria feito inicialmente à comunidade indígena Córrego da Cassiana, mas os pistoleiros teriam encontrado dificuldades pelo maior número de indígenas, provocando a ida do grupo para o Território Indígena Comexatiba, que estaria “desprevenido”. Os suspeitos de cometerem o ataque fugiram e ainda não foram identificados. “Aconteceu novamente uma tentativa de massacre.

Os caras foram atacar e no tiroteio mataram um um menino e balearam outro. Precisamos que acionem a polícia, pois tem vários homens armados na região”, relatou um cacique que preferiu manter o anonimato em razão das ameaças sofridas e o medo de retaliação.

A Aldeia Alegria está no processo de retomada pacífica de áreas que fazem parte do território demarcado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e que teve o RCID (Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena) publicado ainda em 2015.

Apesar da publicação do documento, durante este período de sete anos ainda não foi realizada a homologação e o registro não avançou devido à demora. Os não indígenas deveriam ser indenizados pela União por meio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e retirados dos territórios. “É preciso comunicar às autoridades para entrar em ação e ajudar o povo Pataxó. relatou outra liderança pataxó ao UOL.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar da Bahia e com a Funai, mas até o momento da publicação não obteve resposta.