DEPOIS DE 94 DIAS INTERNADO, BEBÊ PREMATURO RECEBE ALTA DE HOSPITAL EM ILHÉUS
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  • 21/02/2025 
  • redacao

 

Indígena prematuro recebe alta médica depois de 94 dias || Foto Divulgação

O pequeno Haynarú Rudá, o indígena com maior prematuridade já registrado desde a inauguração do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio(HMIJS), em Ilhéus, seguiu, nesta quinta-feira (20), para a Aldeia Itapoã, na região de Olivença, no município do sul da Bahia, onde sua família reside. O bebê ficou 94 dias internado, sendo 71 deles na Unidade de Terapia Intensiva. Ele venceu a primeira grande batalha na vida.

Haynarú Rudá nasceu no dia 16 de novembro do ano passado, pesando apenas 980 gramas e medindo 37 centímetros. O parto natural ocorreu no primeiro dia da 26ª semana de gestação.

Alta de Haynarú Rudá foi celebrada com festa || Foto Divulgação

Para marcar essa grande vitória, a mãe, Laís Eduarda, professora na aldeia e artista plástica, pintou uma camisa especialmente para a data. Haynarú Rudá também trouxe em sua vestimenta a marca da tradição de seu povo.

Durante mais de três meses, os pais não se afastaram do hospital, e os profissionais que atuam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não mediram esforços para vencer o desafio da prematuridade. Na retaguarda, a equipe de terapeutas ocupacionais e psicólogos ajudou a garantir o bem-estar emocional da família.

“Foi nesse momento final, na unidade Canguru (onde filhos e pais vivenciam uma proximidade maior), que realmente caiu a ficha. Foi um momento muito especial, em que toda a história passou pela minha cabeça e pude sentir que vencemos essa batalha”, afirma Laís Eduarda.

RITUAIS

Os últimos meses foram de muitas orações. Rituais com lideranças indígenas tupinambá – respeitando as tradições culturais dos povos indígenas – aconteceram no leito onde a mãe se recuperou nos primeiros dias após o parto e seguiram como uma rotina na área verde do hospital.

Na Aldeia Itapoã, a comunidade se reuniu tradicionalmente todas as sextas-feiras para o Porancy (ritual sagrado), em intenção da recuperação do indígena. “Foi muito especial não ter saído de perto dele um só minuto sequer”, lembra Laís.

Nunca fez tanto sentido a escolha do nome do curumim. Haynarú vem do Patxohã, língua dos Pataxó, etnia do pai, da região de Porto Seguro, e significa “Nasceu caçador”. Rudá, de origem tupi, língua dos Tupinambá, etnia da mãe, significa “Divindade do Amor”.