Quem planta limão, colhe… (Por Pedro Cardoso da Costa (*)
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  • 26/12/2015 
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pedro cardoso

Chegaram mais um Natal e fim de ano. Nesse momento, externando ou não, todos nós fazemos uma avaliação do que fizemos durante o ano que está se indo. Se fomos malcriados com nossos pais, se agimos corretamente com nossos amigos, colegas de trabalho…

E se fecha com presentes. Uns merecidos; outros convencionais.

Do ponto de vista da realização individual, a maioria pode e deve estar satisfeita consigo. A minha preocupação vai além e sempre me questione se fiz algo para melhorar o meu país. Quando eu colaboro para a melhoria do país, há uma grande possibilidade de ter colaborado para a melhoria de entes mais próximos, como meu estado, meu município, meu bairro.

Muita gente acha que só pagando os impostos e cumprindo suas obrigações cotidianas já fez o suficiente. Individualmente não resta dúvida. Mas para a melhoria da coletividade cada um deve ir além e quem tiver forças muito mais além.

A sociedade brasileira peca muito por isso. Criou-se um Estado que não oferece serviço razoável nenhum, suga tudo o que pode de todos. Aquelas que não precisam utilizar dos serviços miseráveis se omitem de tentar melhorar. E essas seriam as pessoas teriam maior poder de influenciar.

Ninguém tem a obrigação de fazer mais do pagar seus impostos, mas não pode querer mais do que isso.

Para ter um país melhor começa pela contribuição efetiva de todos; de todos aqueles que se disponham a colocar a mão na massa. Só participação virtual não ajuda muito. Só é melhor do que nada. Serve apenas para responsabilizar o “povo brasileiro”, como se fosse um alienígena; fosse de outro planeta.

O que você poderia fazer? É você quem tem essa resposta. Talvez pudesse ter plantado mais uma árvore; ter doado um instrumento musical para uma escola; uma sociedade de bairro; ter ido a reuniões do filho na escola – e participado dela – ter retirado aquele saquinho plástico da frente da casa, aquela sujeirinha que veio possivelmente do vizinho, que recebera de outro. Poderia ter ido comigo recolher bituca de cigarro das ruas, como estou fazendo em São Paulo.

Quanto a instrumento musical, tenho dúvida se existe algum piano – particular ou não – no município de Nova Soure/BA, onde nasci.

Outra questão de reflexão são as opções. Muitos pais ficam extremamente tristes e passam isso para suas crianças porque não puderam dar um presente no Dia das Crianças e agora no fim do ano. Entretanto nem se deram e se dão conta de que não passou o ano inteiro e nem levaram ao dentista. Também não causa preocupação a cárie no dente da criança quando abre aquele sorriso ao receber o presente. Dente sadio é secundário; importante mesmo é o presente.

Cada um tem todo o direito às suas escolhas. Mas não tem o direito de querer que eu concorde com elas. Tenho que respeitá-las; concordar, jamais.

O problema em culpar o povo brasileiro não vem da sua opinião individual; é que esse pensamento se expande e se torna coletivo. Uma nação inteira parada, cada um culpando os demais.

Agora, um país só vai adiante com um povo proativo. O resultado vem do que fazemos. Não é minimamente coerente querer colher uva quando se planta limão.

Mãos à massa, brasileiros!

(*) Bacharel em Direito-SP