- 2.688
- 0
- 14/08/2016
- redacao
(Por Raphael Carneiro e Thierry Gozzer)-Rio de Janeiro Dos conselhos na beira do Rio de Contas, no interior da Bahia, para a Vila Olímpica, no Rio de Janeiro. Isaquias Queiroz e Figueroa Conceição traçaram este caminho em poucos anos. O primeiro, descoberto e moldado para a canoagem na cidade de Ubaitaba, é uma das principais esperanças de medalha do Brasil durante a Rio 2016. O segundo, responsável pelo surgimento do canoísta, também tem representante na Olimpíada, mas quase sem chance de medalha. Unidos pela história, os dois não estarão juntos durante os Jogos. Mas para Figueroa, conhecido como Figo, pouco importa. Para ele, o relevante foi ter feito seu papel no passado e, agora, seguir na torcida como era nos tempos do Rio de Contas.
A relação entre os dois não é mais de técnico e atleta. Na seleção brasileira, Isaquias fica sob a responsabilidade do espanhol Jesus Molán. Após alguns anos em Ubaitaba, Figueroa foi chamado no começo de 2015 para treinar o time feminino do Brasil. Entretanto, a dupla ainda tem o contato de amigos antigos. Por isso, Figo tenta ajudar onde é possível. Inclusive, com os velhos conselhos. Desta vez, sobre a fama cada vez maior.
– Prejudica muitíssimo (deslumbramento). Acredito que o treinador está muito preocupado com isso também. Quando você fala “fenômeno”, “campeão”, “já ganhou tudo”, mesmo que ele não sinta essa pressão, existe o ego. Quando o atleta acha que está muito bom, ele esquece de treinar. Estou sentindo isso na pele. A imprensa lhe joga lá pra cima e lhe joga lá pra baixo. Está jogando todo mundo lá pra cima. Às vezes, essa expectativa é danosa. Então, acredito muito no trabalho que eles estão fazendo. Minha aposta é no C2 1.000m. O Isaquias não está deslumbrado. Ele está bem focado, está preparado para o que vem aí – comentou.
No Rio de Janeiro, os dois serão adversários. Por conta de uma parceria da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), Figo Conceição passou a treinar atletas de Moçambique e São Tomé e Principe, no centro de treinamentos de Curitiba. Do trabalho feito há menos de um ano, o resultado foi a classificação de três canoístas. Mussa Chamaune e Joaquim Lobo, de Moçambique, e Bule da Conceição, de São Tomé e Príncipe, que garantiu a primeira classificação olímpica do país. Quando as embarcações estiveram na água, os dois serão rivais, mas a torcida pela promessa brasileira não deixará de existir.
– Vou ter a oportunidade de assistir o Izaquias. Meio de fora, mas dentro, porque eu disputo o C1 1000. Vou ser adversário, mas é isso. O que a gente fez, já fez, foi no início. O que eu sinto é que estão tentando apagar um pouco o início da história, mas a gente não liga não. O trabalho segue, a vida segue. A vida continua. Estão me dando as oportunidades e eu estou abraçando. Mas dá pra torcer porque a gente não vai chegar na final. E, na minha opinião, a maior chance do Brasil é no C2 1000 – comentou.
As disputas da canoagem começam nesta segunda-feira, dia 15 de agosto, no Estádio da Lagoa. As competições acontecerão até o dia 20, véspera do encerramento do Olimpíada.
- FAÇA UM COMENTÁRIO
- 0 COMENTÁRIOS