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- 25/08/2017
- redacao
por Leandro Aragão
O fisiculturista cadeirante, Carlos Alberto Moreira de Freitas Júnior, mais conhecido como Moreira Júnior, viveu fortes emoções na semana passada. Classificado para o Campeonato Sul-Americano da modalidade, após ficar na segunda colocação no Brasileiro, o atleta de Feira de Santana chegou a publicar nas redes sociais a desistência da disputa da competição, às vésperas do término da inscrição, por falta de condições financeiras. No entanto, sensibilizados com o depoimento, amigos do atleta mobilizaram uma campanha e conseguiram arrecadar os recursos necessários. “Como sou cadeirante, os custos são dobrados, porque tenho que viajar com um acompanhante devido às necessidades que tenho. A minha inscrição é no valor de R$ 1.300, mas quando fui efetuar o pagamento, descobri que tinha que pagar mais R$ 1.200 pelo meu acompanhante. Ele não teria acesso ao hotel apenas como meu acompanhante, tinha que pagar também. Então, tinha que pagar R$ 2.500 no prazo de três dias”, contou. Moreira Júnior disse que não tinha o dinheiro todo, pois ainda está pagando dívidas da viagem para Ribeirão Preto, onde aconteceu o Brasileiro, no mês de julho. “Em menos de 24 horas, o pessoal levantou o dinheiro para mim. Fiz minha inscrição, mas ainda não comprei as duas passagens de ida e volta para a Argentina”, afirmou. O Sul-Americano acontecerá entre os dias 7 e 11 de setembro, em Buenos Aires. Aos 35 anos de idade, esta é a primeira competição internacional do feirense. “Será a realização de um sonho e de um imenso prazer na minha vida em trilhar os palcos do mundo inteiro carregando a bandeira de que a cadeira de rodas não me limita, ela apenas me leva onde quero ir”, declarou. “Vou representar Feira de Santana, a Bahia, a PM-BA e o Brasil”, completou. Concursado da Polícia Militar (PM-BA) desde 2003, Moreira Júnior sofreu um grave acidente de carro em 2007, em que lesionou a coluna e perdeu os movimentos da perna. Na ocasião, o irmão dele, Caio Moreira, e mais um amigo, Anderson Ataide, que também estavam no carro, morreram. Na reabilitação na Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, Moreira Júnior foi apresentado a vários esportes adaptados, dentre eles a musculação. “Então voltei a praticar esse esporte, que me deu uma boa qualidade de vida. Melhorou minha circulação sanguínea, controle de bexiga e intestino, sem contar que elevou minha autoestima e também me deu mais força para fazer as atividades do dia a dia, como fazer a transferência da cadeira para o carro, da cadeira para a cama, para o sofá”, disse. Em 2014, ele recebeu o convite de um árbitro da Federação Baiana de Musculação, Fisiculturismo e Fitness (IFBB-BA). “Ele disse que eu estava com um físico legal e me convidou para participar de um campeonato”, relembrou. “No palco, quando recebi toda aquela energia, vibração positiva da galera presente no evento, reconhecendo o meu trabalho, eu senti uma emoção ímpar e vi que tinha encontrado um novo caminho, uma luz que me guia”, completou. Desde então ele vem colecionando títulos, foi duas vezes campeão brasileiro, três vezes campeão baiano e premiado pela Sudesb por dois anos seguidos como melhor paratleta de fisiculturismo da Bahia. “Fui campeão do Arnold Classic Brasil em 2015, realizado e promovido por Arnold Schwarzenegger, onde tive a honra e o prazer de receber o troféu das mãos dele”, contou orgulhoso.
Além das dificuldades diárias para se adaptar à nova condição, Moreira Júnior também teve que lutar pelo seu direito de seguir trabalhando na Polícia Militar. Após dois anos de afastamento para se recuperar, ele foi informado de que seria aposentado, pois não havia histórico de policial cadeirante na corporação. “Entrei por concurso público e no estatuto diz que se tiver uma função que eu possa exercer sentado sem nenhum prejuízo ao serviço é obrigação da corporação me adaptar a isso”, explicou. E mais um obstáculo foi superado por ele, que segue na PM-BA. Atualmente, ele trabalha no centro de monitoramento de câmeras de segurança de Feira de Santana. Como não existe uma academia adaptada para cadeirantes em Feira, Moreira Júnior precisa estudar, observar e se adaptar para conseguir treinar.
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