NECROSE ASSÉPTICA DO QUADRIL: UMA PREOCUPAÇÃO PARA PACIENTES REUMÁTICOS E COM HIV
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  • 19/11/2014 
  • redacao

Dores nos ossos que não apresentam alterações nas radiografias podem ser um indicador desta doença que atinge milhares de pessoas todos os anos e podem levar a sequelas de difícil tratamento

 

Necrose

 

A osteonecrose – também conhecida como  necrose avascular ou necrose asséptica – literalmente significa  a ‘morte do osso’, causada pelo suprimento sanguíneo inadequado para uma área de osso. Ela pode afetar todos os ossos do corpo. Mais da metade dos pacientes com essa doença tem mais de um local de acometimento. Os locais mais frequentes da necrose asséptica são a cabeça do fêmur (na região do quadril), o colo do tálus (no pé) e o escafoide (na mão). Ela pode atingir também a mandíbula e os ossos na região do ombro e joelho.

“Normalmente não pensamos muito neste assunto, mas o tecido ósseo é vivo, assim como outros tecidos que formam o nosso corpo, e por isso necessita de sangue para sobreviver. Se por algum motivo este suprimento é bloqueado, o tecido ósseo irá morrer. Normalmente, as células do osso – osteócitos, osteoblastos e osteoclastos – demoram 12-48 horas para morrer. Como a maior parte do osso é formada por uma região calcificada conhecida como matriz extracelular, e não por células, o osso continuará sem alterações visíveis por semana, ou até meses, antes que sua estrutura desabe e ele perca a sua forma. Porém, neste período, é comum o paciente relatar dor na região acometida, mesmo não apresentando alteração radiográfica”, explica o ortopedista Caio Gonçalves de Souza (CRM-SP 87.701), médico do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Uma das formas que mais preocupa os médicos e pacientes, devido a sua gravidade, é a necrose asséptica do quadril. Isto ocorre porque, se não for descoberta rapidamente, irá levar a complicações como a artrose (desgaste) do quadril em pacientes muito jovens, onde uma cirurgia para colocação de prótese ainda não esta indicada. Logo, estes pacientes terão sequelas da doença, como dor e dificuldade para andar, que podem levar a uma perda da qualidade de vida.

A necrose asséptica do quadril costuma afetar pessoas entre os 30 e 50 anos. Nos Estados Unidos, a cada ano, cerca de 20 mil pessoas são diagnosticadas com a doença. As principais causas que levam a esta doença são uso crônico de corticosteroides, alcoolismo, uso de antiretrovirais para o HIV, quimioterapia, anemia falciforme, artrite reumatoide e lúpus, dentre outra  razões.

“Assim como as outras doenças ósseas, apenas recentemente a osteonecrose surgiu como uma condição preocupante relacionada com o HIV”, diz Caio G. Souza. Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) revelou que a osteonecrose é muito comum entre as pessoas com HIV. Por meio de uma ressonância magnética, os pesquisadores constataram que 4% de 339 voluntários infectados pelo HIV tinham osteonecrose, uma proporção surpreendentemente alta quando comparada com uma população sem o HIV. No entanto, muitos dos pacientes afetados pela condição não apresentavam sintomas, como dor no quadril.  Outro estudo descobriu que as pessoas com HIV podem ser até cem vezes mais propensas a desenvolver osteonecrose do que o resto da população.

O ortopedista conta que normalmente, o diagnóstico da doença é auxiliado por um exame de ressonância magnética ou de cintilografia óssea. “Nos casos em que a cabeça do fêmur ainda estiver esférica (antes do desabamento ósseo) é possível fazer uma rápida descompressão do local visando melhorar o aporte sanguíneo. Caso a cabeça já tenha desabado, o prognóstico é muito ruim para o paciente”, alerta o médico.

Pode-se tentar retardar o processo de artrose através do emprego de medicamentos, fisioterapia e cirurgias como osteotomias e artrodiastase. Quando a artrose já tiver se instalado, a única solução atualmente disponível é a colocação de uma prótese de quadril, com todas as complicações de se fazer isto em um paciente jovem. “Logo, o melhor a se fazer é difundir o conhecimento sobre esta doença para que se possa preveni-la ou remediá-la, antes das complicações mais graves surgirem”, recomenda o ortopedista.

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