MULHER ABANDONA FILHO, FUGINDO DE PAI E IRMÃO ESTUPRADORES
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  • 06/06/2018 
  • redacao

Uma mãe, que saiu de Itacaré, onde morava com a família, parou na BR-101, na Serra (ES), e deixou a criança. Ela pediu a um homem que estava no local para que cuidasse do menino. Em seguida, foi encontrada em surto pela Polícia Rodoviária Federal, quilômetros depois. O menino foi encaminhado para um abrigo e a mãe, para um hospital psiquiátrico. A situação ocorreu no dia 18 de maio. “Estava totalmente desorientada, aparentemente falando em alemão, tentando derrubar cones. A equipe conseguiu acalmá-la e a conduziu até a ambulância. Ela precisou ser contida e até presa na maca. Pelo estado dela, teve que ser conduzida para o hospital”, explicou o superintendente da PRF, Wylis Lyra. Ainda de acordo com a PRF, a mulher é argentina e tem 29 anos. A mãe prestou depoimento durante a CPI dos Maus-tratos. Na ocasião, ele revelou que desconfia que o pai e o irmão abusavam do filho e, por isso, saiu da Bahia e abandonou a criança no Espírito Santo na tentativa de protegê-la.
“Meu filho se queixava de dor no bumbum. Eu sempre achei que tinha comido alguma coisa que fez mal, nunca relacionei com nada, porque sempre estava perto dele. Um dia, ele estava tomando banho na bacia e disse: ‘vou fazer como o meu avô faz’”. Segundo ela, nesse momento, a criança simulou uma masturbação. Ela disse que, depois disso, entrou em contato com a mãe, que mora na Argentina. A mãe a ajudou a comprar passagens para que retornasse ao país de origem. Mas, de acordo com a jovem, ao chegar na rodoviária, de onde seguiria para Salvador para pegar o voo, se sentiu perseguida. “Quando cheguei na rodoviária, havia três pessoas no caixa automático. Os três me olharam. Um pegou o celular, começou a fazer uma ligação. Quando viu a situação, ele falou ‘te ligo logo’ e desligou. […] Peguei meu filho e comecei a viajar para o Sul. Me senti muito perseguida, senti muito medo de alguma coisa acontecer comigo, com meu filho. Passei três dias sem dormir direito. Queria chegar na polícia e falar minha história”, disse. Para ela, a ida até o Espírito Santo poderia ser uma chance de denunciar os fatos. “Eu fugi porque não achei que em Itacaré alguém ia me dar uma resposta, respaldo, proteção que eu precisava para denunciar meu pai. Eu queria ir para Argentina para fazer a denúncia e me sentir segura”, contou. A Polícia Civil concluiu o inquérito e inocentou a mãe. Foi constatado que a mulher fugia dos abusos do pai e, por isso, foi parar na rodovia que corta o estado. O menino foi entregue novamente à mãe e os dois foram para a Argentina, com a avó materna da criança. O avô e o tio do menino, que moravam em Itacaré com a criança e a mulher, foram presos e levados para a Penitenciária Estadual de Vila Velha V, no complexo do Xuri, em Vila Velha. Foi constatado também que o avô abusava da filha e do neto. A mulher disse que “o pai gosta de andar nu e acha que as pessoas da mesma família devem procriar.” No entanto, só resolveu fugir de casa quando descobriu que o filho era abusado pelo avô. Segundo a polícia, havia dois inquéritos abertos, sendo um no Espírito Santo, sobre abandono de incapaz, e o outro na Bahia, sobre abuso sexual. O segundo foi aberto depois que a polícia capixaba descobriu os fatos e enviou as informações para a Bahia. As investigações da polícia apontaram que o avô do menino saiu da Argentina em dezembro de 2014, atravessou a fronteira de carro, foi para Itacaré, comprou fazenda, construiu casas e pretendia formar uma espécie de ‘seita’ com membros da mesma família, em que todos só podiam ter relação sexual entre eles. O pretexto era a ‘pureza de raças’. Com isso, a Justiça da Bahia decretou a prisão do avô, do tio e da mulher do avô da criança que, segundo a polícia, era conivente com tudo. Ela tem uma filha de quatro anos, que também era abusada. As duas fugiram durante as investigações. (G1)