MORO E A SUCESSÃO PRESIDENCIAL (Por: Coluna Wense(*)
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  • 02/04/2022 
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Sergio Moro.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O problema de Sérgio Moro não é só de amadorismo político, de falta de habilidade, de total desconhecimento das entranhas do movediço e traiçoeiro mundo da política.

Politicamente falando, o ex-juiz da Lava Jato é um lunático, um estranho no ninho, uma barata tonta. Parece não se incomodar com os constrangimentos pelo qual vem passando.

Sai de um partido, o Podemos, sem avisar ao comando nacional da legenda, e vai para o União Brasil aceitando a condição de não ser mais pré-candidato à presidência da República. Tudo conversado e esclarecido.

O ex-juiz, que deve estar arrependido por ter deixado a magistratura, anuncia com todas as letras maiúsculas que desistiu de disputar o Palácio do Planalto. No outro dia, em um lapso de esquecimento, desdiz o que disse e diz que continua na disputa.

O União Brasil solta uma nota afirmando, incisivamente, sem arrodeios, que Moro é bem-vindo como postulante à Câmara dos Deputados. Como presidenciável é “persona non grata”. Mesmo assim, diante desse desprezo, e de um chega pra lá público, o ex-bolsonarista não enxerga que é considerado como um “patinho feio”.

Já disse aqui, por mais de uma vez, que o problema maior que atinge Moro é a falta de perspectiva de uma melhora nas intenções de voto, já que é carente de conteúdo e completamente desinformado em relação ao que se passa no país. Vale lembrar que vem aí os debates entre os presidenciáveis, que é a grande preocupação do morismo.

A decepção do Podemos com Moro, que jurou eterna fidelidade ao partido, é gigantesca e inominável. Moro passou a perna na sigla na calada da noite, sorrateiramente. O senador Álvaro Dias, principal liderança da legenda, soube da filiação de Moro ao seu novo abrigo partidário pela imprensa.

Abrindo um parêntese, o mesmo aconteceu com o vice-governador João Leão (PP), que ao ligar o rádio ouviu o senador Jaques Wagner (PT) declarar que Rui Costa iria permanecer no governo até o último dia do mandato, quebrando o acordo que Rui se desincompatibilizaria para que Leão assumisse o comando do cobiçado Palácio de Ondina por nove meses. Deu no que deu: o PP fora da base aliada do lulopetismo da Boa Terra.

Como não bastasse todo esse vai e vem, Moro solta um comunicado dizendo que sua intenção de ir para o União Brasil é ter mais condições de trabalhar sua candidatura presidencial por uma sigla que tem mais estrutura, obviamente se referindo não só ao bom tempo no palanque eletrônico como ao milionário fundo eleitoral.

O que chamou mais atenção na nota de Moro foi ele dizer que pensa no Brasil e não em cargos. Tenha santa paciência ! Até às freiras do convento das Carmelitas sabem que é uma deslavada mentira.

Moro deixou a magistratura para ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro e ainda conseguiu, com o prestígio que tinha com o presidente eleito, acrescentar no ministério a pasta da Segurança Pública. Houve também a promessa de indicá-lo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário.

O Podemos agora, depois de arrumar o partido para receber o ex-juiz, faz as contas de quanto gastou na campanha. O último levantamento já se aproxima de R$ 3 milhões.

Pelo andar da carruagem, com tanto amadorismo, Moro vai terminar como o mais atabalhoado presidenciável da história política da República.

Concluo dizendo que é mais fácil encontrar uma cabeça de alfinete em um grande palheiro do que Moro ser o candidato do União Brasil na sucessão de Bolsonaro.

PS – Josias de Souza, colunista da Uol Notícias, se referindo ao pleito presidencial de 2022, tem razão quando diz que Moro “encarna Jack”, é um “estripador de si mesmo”.

(*)-Marco Wense é comentarista político/Itabuna