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- 06/03/2022
- redacao
As festas à fantasia e os blocos de mascarados, às vezes provocam situações inusitadas. Os compositores já transformaram algumas dessas histórias em marcha carnavalesca. Uma, por exemplo, fala sobre a decepção de um homem, que busca mulher: “Eu buscava uma linda mascarada/No meio do salão/Vi seu rosto já no fim da madrugada/Aí que desilusão/Era linda a mascarada/Mas de mulher ela não tinha nada”.
Em 1983, dois jovens de Aurelino Leal, Humberto Hugo, atualmente jornalista e diretor do jornal Tribuna da Região e Paulo Rogério, do Posto Vasco Filho, foram brincar o carnaval em Itacaré. . Paulo é filho de Dona Miriam e Altino Ramos, prefeito do município de Itacaré de 59 a 62.
Depois de armarem a barraca no centro da cidade, foram ao restaurante de Dona Tapuia, madrinha de Paulo Rogério, e explicaram que estavam quebrados, (sem grana). Ela então fez uma proposta: “ Vocês trazem os alimentos e eu os preparo” Os dois levavam pães e ovos para o café-da-manha. Mas, sem que a madrinha soubesse, almoçavam no restaurante de Dona Nerí, localizado na orla e frequentado por veranistas.
Na terça-feira de carnaval, Paulo e Humberto Hugo foram até ao restaurante chique e pediram uma nobre moqueca de robalo. Neste momento, entrou um bloco de mascarados, imediatamente um olhar fulminante atraiu o jovem . Paulo pediu que o almoço fosse servido um pouco mais tarde e convidou a “careta” para dançar. Pularam agarradinho todo tempo. Quando a música acabava, continuavam abraçados. Mas tinha um curioso detalhe: A pessoa não tirava a máscara e recusava o beijo. Quando ele tentava, ela se esquivava tirando a “boca” do ponto.
Quando o bloco decidiu ir embora. Paulo Rogério sentou, bateu na mesa com a mão espalmada e gritou que podiam servir o rubalo. A careta mais uma vez o fitou, mas partiu sem beijos de despedida. Ele ficou impressionado e falava a todo momento o desejo em descobrir a identidade daquela nova paixão.
Dia seguinte, quarta-feira de cinzas, cumpriram o ritual: compraram ovos e pães na padaria de Joselito e foram ao restaurante. Encontrou a madrinha, se ajoelhou e pediu a benção. Mas ela não o abençoou. Dona Tapuia franziu o sombrolho, emudeceu e se retirou. Preocupado, foi humilhante perguntar o que estava acontecendo.
Ríspida, ela respondeu: “O café da manhã, é aqui. Mas na hora do almoço caro, vocês vão para a orla”
Paulo ainda tentou negar: não é nada disso, minha madrinha…
E Dona Tapuia o interrompeu com uma surpreendente revelação: “ Aquela careta quem você brincou o carnaval e tentou beijar na boca ontem à tarde no restaurante de Nerí, foi eu “Euzinha, sua madrinha”
(*)-Marival Guedes, cronista e jornalista (Transcrito do jornal agora em 2007.)
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