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- 15/11/2023
- redacao
Militar do Exército, deixou Recife ao ser transferido para Ilhéus, e chamou a atenção do então Major Dória e do Tenente Everaldo Cardoso, que o trouxeram para Itabuna, cidade na qual se destacou, como militar, professor, político e cidadão.
Quando ouço alguém dizer que toda a unanimidade é burra, imediatamente penso que ele não conhece ou ouviu falar do professor Edmundo Dourado da Silveira, um dos maiores itabunenses nascido em Umbaúba, Sergipe. E nesta terça-feira, 14 de novembro de 2023, o itabunense chora a perda desse homem que sempre esteve presente na vida de Itabuna, desde o início dos anos 1960.
E a notícia me pegou de surpresa, aqui em Santa Catarina, onde me encontro, mesmo sabedor das dificuldades com a saúde do ilustre professor Dourado, do alto dos seus 86 anos. Foi professor de três dos meus filhos, que sempre engrandecem o mestre pelo que aprenderam, assim como cerca de outros 40 mil alunos que tiveram a graça de tê-lo com professor.
Sempre gozou de reconhecida competência para ensinar as matérias que quisesse, porém era consagrado como grande expoente em matemática e filosofia. Sabia repassar o conhecimento sem firulas (não condeno os que fazem), mas ele transmitia a árida matemática sem esforço, com poucas palavras até, porém as exatas como a ciência a qual pertence.
Em filosofia era completo e deixava qualquer plateia atenta aos seus ensinamentos quando a matéria era a Lógica. Não meço as palavras e nem me acho esdrúxulo em dizer que o professor Edmundo Dourado fez história na educação pelo seu conhecimento, mas, sobretudo pelo método didático preciso, transmitindo sabedoria para alunos de todas as idades.
Desde que chegou a Itabuna lecionou em praticamente todos os colégios, a começar pelo antigo Ginásio, hoje Fundamental II, o Ensino Médio foi fundador das Faculdades de Filosofia de Itabuna (FAFI) e Faculdade de Ciências Econômicas de Itabuna (FACEI), que integraram Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (FESPI), a atual Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
Fundou colégios com padrão de excelência, e por isso bastante concorridos pela sociedade itabunense. Mas sua contribuição à educação de Itabuna também se fez por sua passagem na Câmara Municipal de Itabuna, da qual foi presidente e um dos responsáveis pela condução da Lei Orgânica do Município. Como político, era visto pelos seus pares como um vereador acima das questões meramente partidária.
Sua aptidão pela educação foi reconhecida desde que ainda o menino pobre deixou Umbaúba, sua cidade natal, para estudar em Maceió, sendo aprovado no temido Exame de Admissão ao Ginásio, com notas 10 em todas as matérias. Daí, passou para exercer o magistério (?) ensinando seus próprios colegas em troca de merenda e outras benesses, como gostava de contar.
Militar do Exército, deixou Recife ao ser transferido para Ilhéus, e chamou a atenção do então Major Dória e do Tenente Everaldo Cardoso, que o trouxeram para Itabuna, cidade na qual se destacou, como militar, professor, político e cidadão. Homem de hábitos simples, pouca conversa, ouvia muito mais do que falava. Ao tomar suas decisões as apresentava como certeiras, abalizadas, concisas e equilibradas.
Tive o privilégio de conviver com o professor e vereador Edmundo Dourado quando de meu retorno a Itabuna, em meados dos anos 80, ele vereador e eu jornalista, inclusive com o cargo de Assessor de Comunicação da Prefeitura de Itabuna. Depois também convivemos no Legislativo, no qual as questiúnculas políticas partidárias passavam ao largo, pelo respeito que ostentava junto aos seus pares.
Fora da política, o cidadão Edmundo Dourado era a primeira pessoa a ser lembrada para ocupar cargos de direção em entidades da sociedade civil organizada, a exemplo do Grupo de Ação Comunitária, pela sua sabedoria, respeito e equilíbrio. Mesmo com a saúde abalada, nunca deixou de “chegar junto” nas questões de Itabuna e era meu conselheiro quando eu exercia o cargo de secretário municipal de Ações Governamentais e Comunicação Social.
Edmundo Dourado da Silveira é daquelas pessoas que estão acima do bem e do mal em qualquer sociedade, não por vontade própria, mas pela sua contribuição, daí o reconhecimento público. Sabemos que era homem de “carne e osso” por se assemelhar a nós e ser o patriarca de uma família composta pela sua esposa Maria Lúcia e quatro filhos.
Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor de Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.
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