ONU DENUNCIA BRASIL POR FALTA DE PUNIÇÕES A POLICIAIS QUE MATAM
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  • 08/03/2016 
  • redacao
ONU indica que, em média, seis pessoas morreram por dia no Brasil em 2013 em operações policiais

ONU indica que, em média, seis pessoas morreram por dia no Brasil em 2013 em operações policiais

A Organização das Nações Unidas (ONU) vai denunciar hoje a impunidade nos crimes cometidos pela polícia e por agentes de segurança no Brasil. Em informe que será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos do órgão, o relator Juan Mendez alertará que os homicídios de autoria de forças de ordem são “ocorrências regulares”. Procurado, o Ministério da Justiça não quis comentar a denúncia por considerar que os policiais respondem aos governos estaduais.

“Os casos de agentes de segurança que cometem abusos contra prisioneiros ou detidos não são investigados de maneira significativa e tais autores raramente são levados à Justiça”, diz Mendez. O relator afirma que a impunidade que vigora no Brasil “contribui para o aumento dos crimes violentos”. Ele relata que os suspeitos tentam resistir à prisão, pois sabem que serão torturados.

Em muitos casos, diz, esses mesmos prisioneiros tentam se vingar da tortura que sofreram ao deixar a cadeia. “A espiral da violência criminal é exacerbada pela impunidade que prevalece”, afirma. Mendez deixa claro que os casos de crimes cometidos pela polícia não são pontuais, mas sim “regulares”.

Usando dados nacionais, a ONU indica que, em média, seis pessoas morreram por dia no Brasil em 2013 em operações policiais. De acordo com a ONU, em 220 investigações, somente uma delas resultou em condenação. Por isso, a organização pede o fim da classificação de “autos de resistência”. Mendez destaca que a taxa de mortes nas prisões é “muita alta”.

Com base em dados do Infopen, sistema de informações estatísticas das penitenciárias, o relator aponta que foram registradas, na primeira metade de 2014, 545 mortes – sendo metade intencional -, o que resulta em uma taxa de 167,5 para cada 100 mil pessoas por ano.

O informe também ataca a situação das prisões brasileiras. Mendez cita como exemplo a visita que fez à Penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão. “As unidades estão superlotadas e prisioneiros ficam de 22 a 23 horas por dia fechados em suas celas. Visitas ocorrem em condições humilhantes”, diz. A Tarde