AJUSTES NA ECONOMIA DO PAÍS VÃO AFETAR BOLSO DOS BRASILEIROS
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  • 29/10/2014 
  • redacao
Dólar em alta, ações da Petrobras em baixa, inflação subindo e, de quebra, perspectiva de aumento do preço da gasolina. Confira como isso tudo pode afetar a sua vida

Dólar em alta, ações da Petrobras em baixa, inflação subindo e, de quebra, perspectiva de aumento do preço da gasolina. Confira como isso tudo pode afetar a sua vida

 

A reeleição da presidente Dilma Rousseff vai precipitar uma série de ajustes na condução da economia brasileira, que estavam sendo esperados para o próximo ano. E, apesar das promessas do governo de que as mudanças deverão acontecer de maneira suave, há quem espere alguns trancos e freios de arrumação.

Os impactos mais diretos do que está por vir poderão ser percebidos no mercado de trabalho, cujo crescimento deverá ser modesto, e no aumento do custo de vida, esse sim, com perspectiva de alta, de acordo com analistas. Ao contrário do discurso de campanha, a presidente vai precisar tomar medidas duras para conter a inflação, cujos efeitos colaterais irão causar um 2015 de aperto, com viés de baixo crescimento.

“Os melhores conselhos que eu posso dar para o brasileiro em 2015 é o de ser precavido em relação ao emprego e que busque conter os custos domésticos para tentar fazer o dinheiro sobrar”, afirma o  diretor de Administração da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer.

Ele acredita que, por mais suaves que sejam os ajustes, vai haver desconforto. “A inflação já está fazendo estrago. Tem gente chegando no barbeiro e pedindo pra cortar o cabelo mais baixo que é para demorar mais tempo para ir de novo”, brinca.

Teto da meta
Falando sério, ele diz que o custo de vida deverá permanecer elevado, com a inflação próxima ao teto da meta, entre 6% e 6,5%, tal qual acontece este ano. “O grande problema é que existem custos administrados pelo governo, como os de energia elétrica, combustíveis e telefonia, cujos reajustes foram segurados por muito tempo e que não podem mais ser contidos”, explica.

Por tudo o que está desenhado, a expectativa em relação à taxa básica de juros (Selic) é de elevação. A taxa serve para remunerar quem investe em títulos do governo e é utilizada como estratégia para controlar os aumentos de preço. Quando ela sobe, o crédito é reduzido, as pessoas consomem menos e, como consequência, há redução nos preços. A inflação cai. Além disso, o aumento da taxa ajuda o governo a atrair investidores.

“O governo está gastando mais do que arrecada e não consegue pagar as dívidas dele. Atualmente, não consegue sequer dar conta dos juros desta dívida. É como a pessoa que está no cheque especial ou no rotativo do cartão. Isso leva a uma perda de confiança e faz com que o mercado exija uma remuneração melhor (juros mais altos) para investir no país”, diz.

O economista chefe da FFA Consultoria, Fábio Pina, responsável técnico pela Pesquisa Conjuntural do Comércio Baiano, feita pela Fecomércio, acredita que não fosse a desconfiança que existe em relação à condução da política econômica, o país poderia reduzir os juros no lugar de aumentar. “Quanto menor a confiança, maior o prêmio que é preciso oferecer para convencer agentes econômicos a investirem”, explica. “Não é preciso, necessariamente, elevar os juros, mas é preciso recuperar a confiança. A hora em que se recupera a confiança, essa taxa de hoje, de 11%, que não é suficiente para levar a inflação para o centro da meta, passará a ser”, completa.

Enquanto a tal confiança não existe, os brasileiros pagam a conta. Pina acredita que o setor de serviço perdeu o gás que o impulsionou nos últimos anos, o que deverá se refletir no mercado de trabalho. “Isso (dificuldade para gerar empregos) não ocorria em 2010, 2011 e 2012 porque o consumo crescia a taxas aceleradas. Então, apesar da produção industrial não crescer o suficiente, o consumo compensava porque demandava postos de trabalho no setor de serviços. Agora o consumo também dá sinais de esgotamento”, afirma.

Segundo ele, o nível de consumo acima da produção nacional gerou outro problema, de déficit, porque o país precisa importar uma parte daquilo que consome. “As perspectivas para o varejo não são boas, porque nós estamos gerando menos empregos, o crescimento da renda real não é tão grande. Temos os reajustes salariais, mas a inflação maior compromete. Então, não dá para imaginar que o consumo vai crescer”, diz o economista.

Ele acredita que não se deve esperar mudança no curto prazo. “Ainda que a confiança seja retomada amanhã, existem coisas que já foram definidas. Mesmo que aconteça e a confiança seja retomada, não dá mais tempo para este ano. Vai durar o ano que vem inteiro o trabalho de ajustes. Agora, resolvendo, o país tem todas as possibilidades de voltar a crescer”, acredita.

O analista de sistemas Guilherme Peres, 32 anos, diz que já está se preparando para um ano difícil. “É um momento tenso, em que o meio ambiente vai começar a pesar muito”, analisa. Ele diz que já está percebendo agora as dificuldades que vêm por aí. “Já ganhei bastante dinheiro com ações, mas também já perdi. Perdi com a Petrobras, por exemplo. Mas, a longo prazo, compraria Petrobras agora, porque está barato e vai subir em até 5 anos”, afirma.( Fonte: Correio)